O Sincretismo religioso



O sincretismo religioso está inserido na cultura ludovicense desde a chegada dos primeiros escravos trazidos para cidade, a estes fora proibida o culto às divindades, considerado pelos homens brancos como sendo rituais satânicos, ou mesmo bruxaria, fazendo com que então a catequese dos índios, fosse aplicada aos negros-escravos.

Na África vários cultos religiosos dedicados aos orixás, principa cultura Iorubá consegue destaque pela quantidade de nigerianos que foram trazidos para o Brasil, bem como pelo rigor e disciplina que os iorubanos exerciam na defesa e prática dos seus costumes religiosos.

Muitos dos líderes das diversas tribos africanas, capturados na África e trazidos para o Brasil, passam a conviver em senzalas que abrigam negros de outras manifestações religiosas. A mistura de povos africanos fez com que a tradição religiosa sofra transformações e até mesmo mudanças nos rituais e sacramentos, perdendo inclusive alguns costumes. 

Os negros começaram a oferendas em buracos, que pudessem, após o ritual, serem enterrados e, portanto, devidamente cobertos com terra e pedra. Esses rituais foram simbolizados várias vezes através das imagens dos santos católicos. Desse modo, eles cantavam suas línguas em torno da imagem, quando na realidade estavam firmando uma corrente de oração e pontos aos Deuses-Orixás.

O povo Fons, vindos da região de Dahomé, no Leste da África, recebe toda influência Jeje, de modo que popularmente o culto Iorubá ganha sua variante, a manifestação do Tambor-de-Mina, religião também chamada de Voduns.

Os Senhores empurram goela abaixo seus rituais, obrigando a participação dos negros em missas e celebrações. Mas a força da cultura negra aí se faz presente ao ponto de as procissões transformarem-se grandes festas populares, levando inclusive negros libertos, ou que já nasceram livres, a buscarem nas irmandades religiosas uma forma de ascensão social. Eles chegam inclusive a fundar confrarias, principalmente as da Quaresma, pois na época era muito importante ser membro de uma Irmandade.

Esse sincretismo religioso é sem dúvida a base da cultura ludovicense, nossas festas religiosas começaram  na igreja católica e foram para o terreiro, ou vice-versa. Essa mistura de crenças e costumes nesses quatros séculos estão  nossas manifestações culturais: a Festa Junina, o São João, as procissões, as quermesses, o tambor de crioula, o bumba-meu-boi são frutos dessa mistura de religiosidade.